"Por que produtos simples e funcionais podem tornar empresas de qualquer setor cada vez mais competitivas"
Escrito por: ROSENILDO GOMES FERREIRA
"A tendência vintage está perdendo espaço no segmento de design"
-Gian Rocchiccioli, diretor da Brazil Design Week
Quando se fala em produto com design, a primeira coisa que vem à mente da maioria das pessoas é uma engenhoca com jeitão exótico e de praticidade, muitas vezes, duvidosa. Trata-se de uma imagem distorcida, segundo os profissionais do setor. Até porque, ao contrário do que prega o senso comum, o design vai além da forma e da cor de determinado objeto.
Ele abrange ainda itens como funcionalidade, escolha de materiais, sistema produtivo, definição da tecnologia e até a estratégia de venda. Ou seja, mais do que nunca o design está se tornando um elemento capaz de definir o grau de competitividade de uma corporação. O iPhone, da Apple, é um exemplo disso. Apesar de não ter sido o primeiro telefone celular com tela sensível ao toque, ele se impôs como sinônimo dessa categoria, graças à praticidade de uso e, claro, seu desenho.
"O mérito do iPhone é facilitar a interação do usuário com a tecnologia", afirma Gian Franco Rocchiccioli, coordenador da Brazil Design Week. O evento, que aconteceu em São Paulo no início do mês mostrou que muitas empresas brasileiras colocam o design no centro de sua estratégia - e não mais como uma questão de definir se um produto é "bonito" ou "feio".
Isso ficou claro na pesquisa realizada pela Associação de Designers de Produtos (ADP) em parceria com o Ministério do Desenvolvimento. O levantamento incluiu 244 companhias de dez setores (entre os quais moda, móveis, eletrodomésticos, equipamentos médicos e máquinas operatrizes). Mais de 80% delas consideram essa ferramenta vital para o desenvolvimento de seus negócios. (veja o quadro).

De acordo com o estudo, essa percepção vale tanto para produtos de consumo quanto para fabricantes de equipamentos médicos e tornos mecânicos. "Características como ergonomia e funcionalidade são armas importantes para ganhar espaço no mercado", afirma Ernesto Paulo Harsi, diretor da ADP.
Para facilitar o acesso de mais empresários aos escritórios de design, recentemente o BNDES criou uma linha de crédito específica para isso. Segundo o banco, 230 mil companhias com faturamento de até R$ 600 milhões por ano podem recorrer ao empréstimo. Com isso, estima-se que a demanda por projetos de design cresça já em 2010.
Apesar da importância do setor, não existem números que espelhem sua força econômica no Brasil. Harsi espera fechar essa lacuna até o final de 2010, quando deverá ser concluído um amplo mapeamento do segmento.
Apesar da importância do setor, não existem números que espelhem sua força econômica no Brasil. Harsi espera fechar essa lacuna até o final de 2010, quando deverá ser concluído um amplo mapeamento do segmento.
A Brazil Design Week também apontou novos rumos para a área. A aposta dos especialistas é de que a tendência vintage (moda saudosista), que vem dominando o cenário nos últimos anos, dê lugar ao conceito "flip the ordinary" (fazer mais com menos).
"Os preceitos da sustentabilidade social, ambiental e econômica deverão orientar o trabalho das empresas", diz Rocchiccioli, que também é sócio da Sart Dreamaker Brand Design. A expansão da classe C é outro fator que deverá exigir uma abordagem diferenciada de fabricantes, prestadores de serviços e dos escritórios de design.
"Um de nossos desafios será entregar tecnologia de forma simples e com um custo que caiba no bolso deste novo consumidor", afirma Rocchiccioli. "A mexicana Mabe está trilhando esse caminho com sucesso e é um exemplo a ser seguido", destaca ele.
Segundo o executivo, a fabricante de eletrodomésticos conseguiu a façanha de desenvolver produtos ao mesmo tempo fáceis de usar e com preço acessível - graças ao design simples e eficiente.
Reportagem retirada de:
Nenhum comentário:
Postar um comentário